Educação Matemática

domingo, 30 de dezembro de 2012

Problema dos 35 camelos

Três irmãos receberam uma herança de 35 camelos que deveriam ser distribuídos da seguinte forma: o mais velho teria direito a 1/2 dos camelos, o do meio deveria receber 1/3 dos camelos e o mais novo tinha direito a 1/9 dos camelos.

Os três irmãos não sabiam como resolver o problema, uma vez que metade de 35 é 17.5, e a terça e a nona parte também não são exactas.

        Eis a solução apresentada por Beremiz – o homem que sabia contar:

        “É muito simples – atalhou Beremiz. – Encarrego-me de fazer, com justiça, essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal que, em boa hora, aqui nos trouxe! (…)

        Vou (…) fazer a divisão justa e exacta dos camelos que são agora, como vêem, em número, 36.

        (…) Voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou:

         -  Deverias receber, meu amigo, a metade de 35, isto é, 17.5. Receberás a metade de 36 e, portanto, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saíste lucrando com esta divisão!

        (…) E tu, deverias receber um terço de 35, isto é, 11 e pouco. Vais receber um, terço de 36, isto é, 12. Não poderás protestar, pois também tu saíste com visível lucro na transacção.

        (…) E tu (…) deverias receber a nona parte de 35, isto é 3 e tanto. Vais receber uma nona parte de 36, isto é, 4. O teu lucro foi igualmente notável. (…)

        Couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um resultado (18+12+4) de trinta e quatro camelos. Dos trinta e seis camelos, sobram, portanto dois.”

Este problema é muito trabalhado por alguns professores de matemática em suas aulas, inclusive nas minhas. Na sua visão, como poderíamos trabalhar este problema na sala?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Os animais sabem contar?!

        O corvo e a contagem

             Um senhor feudal estava decidido a matar um corvo que tinha feito ninho na torre de seu castelo. Repetidas vezes tentou surpreender o pássaro, mas em vão: quando o homem se aproximava, o corvo voava de seu ninho, colocava-se vigilante no alto de uma árvore próxima, e só voltava à torre quando já vazia. Um dia, o senhor recorreu a um truque: dois homens entraram na torre, um ficou lá dentro e o outro saiu e se foi. O pássaro não se deixou enganar e, para voltar, esperou que o segundo homem tivesse saído. O estratagema foi repetido nos dias seguintes com dois, três e quatro homens, sempre sem êxito. Finalmente, cinco homens entraram na torre e depois saíram quatro, um atrás do outro, enquanto o quinto aprontava o trabuco à espera do corvo. Então o pássaro perdeu a conta e a vida.
 
 
Malba Tahan em seu livro "O homem que Calculava", já citava a diferença entre número e sentido de número. Vejam o que escreveu:
   "Aqueles que estudam a evolução do número demonstram que mesmo entre os homens primitivos, já era a inteligência humana dotada de faculdade especial a que chamaremos o 'sentido do número'. Essa faculdade permite reconhecer, de forma puramente visual, se uma reunião de objetos foi aumentada ou diminuída, isto é, se sofreu modificações numéricas.
     Não se deve confudir o sentido do númeo com a faculdade de contar. Só a inteligência humana pode atingir o grau de abstração capaz de permitir a conta, ao passo que o sentido do número é observado entre muitos animais. Alguns pássaros, por exemplo, na contagem dos ovos que deixam no ninho, podem distinguir dois de três."
O homem que Calculava, p.153.
 
Utilizo essa estória e a citação de Malba Tahan ao iniciar o conteúdo de números no 6º ano e é sempre muito interessante a atenção e participação da garotada contando alguma situação que eles já presenciaram sobre episódios semelhantes ao exposto na sala.
 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Histórias de Malba Tahan

LEITURA DELEITE

“Era uma vez...”
desde antes e para sempre
(Trecho da história de uma professora-leitora)

“Há uma certa imaginação infantil
que é precioso guardar por toda a vida.”


Conta-nos Malba Tahan que houve, outrora, na Babilônia, um alfaiate chamado Enedim, que, enquanto costurava, perdia-se em devaneios. Ah! Quem me dera encontrar um tesouro... Costurar causava-lhe dor nas costas, era preciso curvar-se sobre o pano em cima da mesa rústica para riscar os moldes; enfiar a linha na agulha à luz do candeeiro já lhe doía as vistas — era uma canseira sem fim, dia e noite, todo dia.
Ora, uma tarde, parou-lhe à porta de casa um mercador que vendia uma variedade de coisas. Remexendo o baú sortido, Enedim descobriu um livro grosso, cujo título despertou-lhe o interesse: “O segredo do tesouro de Bresa”. O livro era uma preciosidade, custava caro. Depois de pechinchar com o vendedor, ficou-lhe por duas moedas. Foi um sacrifício para o alfaiate desembolsá-las, lembrando-se, porém, de que “mais vale um gosto do que um vintém”. Logo, começou a folhear o livro e conseguiu decifrar na primeira página a seguinte legenda:

“O tesouro de Bresa enterrada pelo gênio do mesmo
nome entre montanhas da Harbatol,
foi ali esquecido e ali ainda se acha,
até que alguém esforçado venha a encontrá-lo”.

Com o coração a bater descompassado, o tecelão dispôs-se a decifrar todas as páginas daquele livro misterioso, em busca de pistas que indicassem o caminho a ser percorrido. Enedim teve de estudar muito e à medida que avançava na leitura, acumulava conhecimentos diversificados, o que lhe possibilitou, depois de certo tempo, deixar o velho ofício para ocupar cargos importantes no reino, tornando-se dono de grande fortuna e prestígio social.
Mas, coisa curiosa, Enedim não conseguiria desvendar o segredo do livro, embora o houvesse relido tantas vezes. Qual caminho deveria seguir para encontrar o tesouro oculto de Bresa? — ele se perguntava inquieto. Resolveu consultar um sábio que lhe desvendasse aquele enigma:
— Que estaria contido na palavra BRESA?
— Como chegar às montanhas de HARBATOL?
Eis a resposta do sábio: “O tesouro de Bresa já está em vosso poder, meu senhor. Graças à leitura, com trabalho adquiristes grande saber, e esse saber vos proporcionou os bens que possuís”.


Maria Betty Coelho Silva

quinta-feira, 20 de setembro de 2012