Um senhor feudal estava decidido a matar
um corvo que tinha feito ninho na torre de seu castelo. Repetidas vezes tentou surpreender
o pássaro, mas em vão: quando o homem se aproximava, o corvo voava de seu ninho,
colocava-se vigilante no alto de uma árvore próxima, e só voltava à torre quando já
vazia. Um dia, o senhor recorreu a um truque: dois homens entraram na torre, um ficou lá
dentro e o outro saiu e se foi. O pássaro não se deixou enganar e, para voltar, esperou
que o segundo homem tivesse saído. O estratagema foi repetido nos dias seguintes com
dois, três e quatro homens, sempre sem êxito. Finalmente, cinco homens entraram na torre
e depois saíram quatro, um atrás do outro, enquanto o quinto aprontava o trabuco à
espera do corvo. Então o pássaro perdeu a conta e a vida.
Malba Tahan em seu livro "O homem que Calculava", já citava a diferença entre número e sentido de número. Vejam o que escreveu:
"Aqueles que estudam a evolução do número demonstram que mesmo entre os homens primitivos, já era a inteligência humana dotada de faculdade especial a que chamaremos o 'sentido do número'. Essa faculdade permite reconhecer, de forma puramente visual, se uma reunião de objetos foi aumentada ou diminuída, isto é, se sofreu modificações numéricas.
Não se deve confudir o sentido do númeo com a faculdade de contar. Só a inteligência humana pode atingir o grau de abstração capaz de permitir a conta, ao passo que o sentido do número é observado entre muitos animais. Alguns pássaros, por exemplo, na contagem dos ovos que deixam no ninho, podem distinguir dois de três."
O homem que Calculava, p.153.
Utilizo essa estória e a citação de Malba Tahan ao iniciar o conteúdo de números no 6º ano e é sempre muito interessante a atenção e participação da garotada contando alguma situação que eles já presenciaram sobre episódios semelhantes ao exposto na sala.